terça-feira, 8 de junho de 2021

Teatro se reinventa na internet, mas ainda busca forma de faturar para salvar profissionais parados

Quase 350 temporadas de peças foram interrompidas pela pandemia do corona-vírus só no Rio e em SP


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: g1.globo.com

Em: 20.04.2020


Teatros são fechados durante a pandemia
Imagem: www.teatroeducavida.com.br

Com o fechamento dos teatros na quarentena, cerca de 12 mil profissionais do setor tiveram que parar, só no Rio e em São Paulo.

A estimativa da Associação dos Produtores de Teatro (APTR) é que, nas duas capitais, as temporadas de quase 350 peças tenham sido interrompidas pela pandemia da corona vírus.

Segundo a entidade, pelo menos 70% desses espetáculos não tinham patrocínio - ou seja, suas rendas dependiam exclusivamente da bilheteria.

"Nosso setor vive de aglomeração. A música tem os direitos autorais. O audiovisual ainda pode ser exibido em plataformas de streaming. Já o teatro é feito ao vivo", diz Eduardo Barata, presidente da APTR.


Artistas de teatro se reiventam durante a pandemia
Imagem: www.jornalnopalco.com.br


Como outras, a área tem tentado se reinventar, gerando conteúdo na internet, mas - diferentemente do mercado musical, por exemplo - ainda não encontrou formas de faturar online. "Como monetizar o teatro na internet? Esse é o grande 'X' da questão."

Veja, mais abaixo, páginas com espetáculos para assistir na internet.

 

Teatro no sofá

Uma via que já vem sendo testada é o streaming de peças teatrais. Mais ou menos como acontece com músicas e filmes nesse tipo de plataforma, os espetáculos são disponibilizados em vídeo, em um catálogo variado, para assistir onde e quando quiser. Essa é a ideia do site Espetáculos Online, lançado durante a quarentena.

Criado pelo produtor audiovisual Eduardo Chamon, que atua no registro de peças, o serviço é um acervo de filmagens de obras adultas e infantis para assistir na íntegra, sem pagar nada.

"O teatro filmado sempre foi algo para guardar, deixar na prateleira. Todo esse material estava guardado em gavetas. Queremos abrir essas gavetas", explica Eduardo.

A página ainda não gera receita. Num modelo colaborativo, as gravações das peças são enviadas pelos próprios produtores e passam por uma curadoria.

Eduardo diz que, em relação à experiência de assistir a um filme, por exemplo, o teatro filmado oferece "a sensação de estar numa plateia". "Tem a emoção, a gargalhada. No momento em que estamos vivendo, estamos aceitando nos colocar dentro de uma plateia virtual."

Outra alternativa foi encontrada pelo ator Ivam Cabral. Ele estava prestes a viajar em um tour pela Europa com seu monólogo, "Todos os sonhos do mundo", quando a pandemia se intensificou.

Decidiu, então, estrear uma temporada virtual, com apresentações ao vivo pelas redes sociais. "Meu trabalho é exceção. Por acaso, eu tinha um solo, e não uma peça com elenco de dez pessoas, que precisa de uma equipe. Nesses outros casos, vamos ter que organizar e planejar para fazer dar certo", diz.

"Vai ser necessário encontrar um jeito de cobrar ingresso (pelas apresentações online). Acho que isso logo vai acontecer porque vai demorar bastante para que a gente possa se encontrar de novo."

De fato, a expectativa no setor é que a rotina se normalize só no ano que vem. Por isso, a APTR já estuda formas de rentabilizar os serviços de teatro pela internet.

"Nós não temos a estrutura que os [cantores] sertanejos têm. Mas estamos pensando nisso. Talvez, um projeto com atores em suas casas", diz o presidente da associação.

"Mas ainda estamos estudando como isso atingiria nossa cadeia produtiva de forma geral - técnicos, autores, artistas."

Enquanto a solução não aparece, a entidade tenta arrecadar doações para ajudar profissionais do setor que perderam suas rendas. "Estamos falando de pessoas que estão sem dinheiro para comer", diz Eduardo.

"Ainda estamos tentando entender quanto tempo isso vai durar. Boa parte do público de teatro é de idosos [grupo de risco da Covid-19. Quanto tempo essas pessoas vão demorar para voltar aos teatros?", questiona Chamon.

Barata compara o impacto da pandemia no setor a uma "terceira guerra mundial", mas é otimista. "O teatro nunca vai acabar. Ele passou por todas as crises mundiais e se manteve em pé. É claro que há uma questão econômica, mas a arte e a cultura prevalecerão."

 

Onde assistir a espetáculos na internet

Espetáculos Online: Site tem obras na íntegra para assistir de graça. Estão no acervo, por exemplo, a infantil "Pluft, o fantasminha" e a adulta "Incêndios".

Cennarium: Plataforma de streaming paga tem peças de teatro, musicais, danças, óperas, circos e infantis do mundo todo. Assinatura custa R$ 19,90 por mês.

Projeto Teatro Online: A cada dia de programação, a íntegra de uma peça infantil é liberada no YouTube por um período limitado de tempo.

Teatro aberto: Projeto da companhia portuguesa abre exibições de peças todos os dias, por período limitado

Todos os Sonhos do Mundo': Monólogo de Ivam Cabral é apresentado ao vivo no Instagram, direto da casa do ator

Teatro Oficina: Espaço tradicional de São Paulo têm espetáculos inteiros na internet. Entre eles, "Os sertões", baseada na obra de Euclides da Cunha

"Romeu e Julieta": Adaptação do Grupo Galpão para o clássico está disponível online.


Atores investem em peças de teatro online
Imagem: i.pinimg.com


 

 

 

 

 

Artistas buscam alternativas de sustento durante a pandemia

Eles têm recorrido às redes sociais para "passar o chapéu" 


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

Em: 27.06.2020


Em função da crise sanitária provocada pela covid-19, eventos culturais de grande porte, que acabam movimentando a economia dos locais onde são realizados, foram adiados, alguns sem anunciar nova data. A organização do Festival de Cinema de Gramado, um dos principais do país, resolveu manter quase inalterada a programação, somente transferindo o evento de agosto para setembro. Mais cautelosa, a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que recebe, em média, 600 mil visitantes a cada edição, ficou para 2022.


Artista conscientizando o uso de máscara
Imagem: imagens3.ne10.uol.com.br


Ao mesmo tempo em que os espaços culturais precisam adotar o fechamento como medida de combate à covid-19 e eventos são adiados pelo mesmo motivo, artistas têm tido dificuldade de encontrar uma fonte de renda. Por essa razão, estão recorrendo às redes sociais para passar o chapéu (como se denomina, no meio artístico, a prática de recolher contribuições voluntárias após uma apresentação). 

Em um clique, encontram-se diversas postagens de artistas que, individual ou coletivamente, pedem doações ou realizam lives (transmissões online, ao vivo) para arrecadar recursos. O perfil é bastante heterogêneo. São artistas iniciantes e outros mais consolidados, como os do Teatro Oficina Uzyna Uzona, companhia que completa 62 anos de existência, este ano, e foi fundada por José Celso Martinez Corrêa, mais conhecido como Zé Celso, um dos ícones da tropicália.  

Para amparar os trabalhadores do setor, o Senado Federal aprovou, em 4 de junho, o projeto de Lei Aldir Blanc (PL nº 1075), que prevê a concessão de benefício no valor de R$ 600, além de possibilitar a distribuição de quantias para garantir a manutenção de empresas e espaços culturais. Segundo o texto, a quantia que será repassada da União, por meio do Fundo Nacional de Cultura, para estados, Distrito Federal e municípios totaliza R$ 3 bilhões. A proposta, apresentada pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro


Circo sofre com a pandemia
Imagem: midias.agazeta.com.br


Obstáculos

Como outros colegas de profissão, a artista e brincante Bruna Luiza tem passado por momentos difíceis durante a pandemia já que não há trabalhos a serem feitos. Professora de circo, ela conta que nunca conseguiu manter uma reserva financeira e que costumava complementar a renda com aulas de reforço escolar.

Sem dinheiro guardado, ela e seu companheiro decidiram deixar Brasília para ir morar em uma vila de Alexânia, interior de Goiás, onde o custo de vida é menor. Com duas crianças em casa, uma de 6 anos de idade e outra de 7, o casal está vivendo com o auxílio emergencial concedido pelo governo federal.

"Quando começou a pandemia, nossa renda vinha das aulas de circo e tínhamos vários trabalhos fechados [já acordados]. Todas essas fontes de renda se foram. Atualmente, a gente está vivendo do auxílio emergencial. A gente está se inscrevendo em todos os editais que têm, mas são perspectivas futuras, porque nenhum edital foi para agora”, afirma.

“Meu companheiro tem feito algumas lives e rodado o chapéu, mas não é nada que gere muito dinheiro, é um valor pequeno, com que dá para fazer a feira, o mínimo. Eu ainda estou precisando me adaptar a essa nova realidade para buscar uma forma de trabalho", completa.

Sobre os editais de fomento à cultura, ela critica a lógica de rivalidade que esse modelo de financiamento promove, defendendo que o processo seja revisado, tendo em vista que a crise atingiu parte significativa da classe artística.

"Eles lançam edital, no meio dessa pandemia, em que colocam em competição os artistas, que já estão em um estado de vulnerabilidade muito grande", lamenta.


Pandemia gera desempregos no circo
Imagem: uploads.bemparana.com.br



Bruna comenta que muitos artistas têm disponibilizado aulas e apresentações gratuitas, o que encara como positivo para o público e, ao mesmo tempo, como obstáculo para os artistas que poderiam conseguir remuneração ensinando o que sabem e garantir parte do sustento durante a pandemia.

"Tem muito conteúdo sendo fornecido de graça. O que você quiser saber sobre circo, flexibilidade, força, acrobacia, tem muito material sendo disponibilizado. Vejo que tem dois lados interessantes. Um é que fica acessível para muita gente. Mas também fica difícil de trabalhar, porque tem muita coisa de graça. E tem muita gente apertada [financeiramente]."

Museus

Em meados de maio, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) emitiu informe em que estimava que 13% dos museus de todo o mundo poderiam encerrar, em definitivo, suas atividades, em decorrência das consequências da pandemia de covid-19. Já naquele período, mais de 85 mil instituições, que representam 90% do total (95 mil), haviam suspendido visitações, a fim de evitar contaminações pelo novo corona vírus, e parte delas buscava se adaptar para manter exposições online. 

No comunicado, a Unesco destacou que apenas 5% dos museus localizados em países da África e países insulares em desenvolvimento estavam conseguindo manter atividades em ambiente virtual. Como essa situação, existem também outras que indicam que o segmento de cultura está sob ameaça, não apenas sob o ponto de vista de circulação do conhecimento e preservação do patrimônio cultural, mas de sustento dos profissionais do ramo.

De acordo com a Unesco, a falta de receita dos museus afeta também os funcionários dessas instituições e os artistas, muito deles autônomos ou trabalhando com "contratos precários".


Museus sofrem com a pandemia
Imagem: luporai.com.br


Criatividade em números

De acordo com o Mapa Tributário da Economia Criativa, elaborado pelo extinto Ministério da Cultura, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação e a Unesco, a classe criativa correspondia a 1,8% dos trabalhadores formais brasileiros, em 2015. Em 2013, a proporção era de 1,7%. Atualmente, a economia criativa responde por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O documento foi divulgado em dezembro de 2018.

Obra nas ruas durante a pandemia
Imagem: s2.glbimg.com


Publicado em janeiro de 2019, um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta que as exportações de bens criativos do Brasil, em que se sobressaem bens de design, como moda, design de interiores e joias, somaram US$ 923,4 milhões em 2014. Naquele ano, somente as novas mídias produzidas no país, que incluem filmes, movimentaram US$ 102 milhões. Artes visuais, por sua vez, geraram US$ 92 milhões e artes e artesanato, US$ 73 milhões.


Artistas de rua sofrem com a pandemia
Imagem: www.agenciabrasilia.df.gov.br



quarta-feira, 7 de abril de 2021

Pressão estética: quarentena tem drive-thru de botox e boom de rinoplastia

Com as clínicas de estéticas fechadas por causa da pandemia, drive-thru é criado em Miami, assim como também, famosos aproveitaram o isolamento para fazer plásticas


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: ninalemos.blogosfera.uol.com.br

Em: 01.07.2020


Uma nova modalidade de drive thru foi inaugurada em Miami. Desde o fim de maio, clientes fazem fila não em busca de hambúrguer ou de um teste de COVID-19. Quem para no estacionamento está em busca de uma injeção de botox, aplicada dentro do carro, mediante o pagamento de 300 dólares (cerca de mil e quinhentos reais).  

Com as clínicas estéticas fechadas por causa da pandemia, a modalidade foi criada pelo cirurgião plástico Michael Salzhauer, conhecido como "Doctor Miami". O serviço tem feito sucesso. Em vídeos no Instagram, é possível ver mulheres dentro do carro, com a cabeça para fora, enquanto um médico, paramentado com todos os equipamentos de segurança, aplica uma injeção na testa da moça mascarada.

Estamos vivendo uma epidemia mundial e os Estados Unidos, terra do Dr. Miami, é o país com mais casos no mundo. Isso significa que os americanos são malucos? Não. Na verdade, as intervenções estéticas no meio da pandemia acontecem no mundo todo. E, para choque geral, em alguns países elas não diminuíram em tempo de pandemia (onde ir ao hospital é algo perigoso, todos sabem), mas, pelo contrário, aumentaram.

Na Austrália, médicos estão se deparando com um fenômeno que apelidaram de "inveja do Zoom". Segundo especialistas, essa é a razão para que número de procura por cirurgias para diminuir ou afinar o nariz (rinoplastia)tenha aumentado 300% no país durante a pandemia. A procura por cirurgia para tirar linhas e bolsas nos olhos aumentou 200%.

Cirurgias plásticas estão cada vez mais comuns em nossa sociedade
Imagem: observatorio3setor.org.br 


Segundo os médicos, mulheres executivas estão fazendo as cirurgias para "aparecer bem nas reuniões do Zoom". Por isso, tem procurado mais cirurgias do rosto, que é o que aparece nesse tipo de conferência. A procura teria a ver também com o fato de as mulheres estarem com horários mais flexíveis.

E se o Brasil fica atrás? Oras, o país campeão mundial em números de cirurgias plásticas no mundo (em competição acirrada com os Estados Unidos) não poderia ficar fora dessa. E não fica. Vários famosos aproveitaram o "tempo do isolamento" para fazer plásticas e procedimentos. Provavelmente não é coincidência que muitos deles procurem justamente a plástica no nariz.

Essa semana, a humorista Tata Werneck fez piada com a "moda". Ela postou no Instagram uma foto sua com um filtro no nariz e escreveu: "Galera, aproveitei a quarentena pra fazer uma plástica no nariz". Eu não enxergava bem e atrapalhava ao comer. Curtiram o resultado? Marque quem tem nariz”.

Ela brincava com o fato de muitos falarem "ah, eu tenho desvio no septo" e usar isso de "desculpa” para fazer a plástica.

Entre os adeptos da rinoplastia na quarentena estão a ex BBB Flayslane, e os cantores MC Mirella e Kevinho. MC Rebecca também mexeu no nariz, mas para diminuir o tamanho das asas nasais. O procedimento é chamado de alectomia.

Sim, essas pessoas foram até clínicas ou hospitais no meio de uma pandemia mundial fazer procedimentos que são cirurgias e envolvem riscos. E, como todo mundo sabe, se nem sair de casa para ir ao supermercado é seguro, imagina fazer uma cirurgia? Quem precisa fazer por motivos de saúde no momento faz com muita preocupação.

Ex-BBB, Flayslane, faz rinoplastia durante a pandemia
Imagem: meiahora.com.br

Tudo isso parece incrível para nós que mal damos conta da nossa saúde mental no momento. Como teríamos tempo para pensar em uma coisa dessas com tanta incerteza e insegurança na cabeça?

Mas, por um lado, não surpreende, já que a obsessão estética está arraigada na sociedade há anos. Quando a pandemia começou, muitos falaram que esse seria um momento para olhar para dentro, que nossos valores mudariam. Seríamos seres mais evoluídos, mas não.

Alguns de nós, humanos, estamos fazendo botox dentro do carro em estacionamentos mascarados ou correndo riscos em cirurgias para aparecer melhor em uma conferência de trabalho por computador. Nós não melhoramos nada.

Lipo LAD e o polêmico debate sobre a romantização das cirurgias plásticas

A Lipoaspiração em Alta Definição, ou Lipo HD, faz sucesso entre as celebridades e vem aquecendo o debate sobre pressão estética



Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: claudia.abril.com.br
 
Em: 30.10.2020


A lipoaspiração HD, ou lipo LAD, virou um tema recorrente nas redes sociais nas últimas semanas. Isso porque o procedimento estético virou “moda” entre as influenciadoras digitais  Ludmilla, Brunna Gonçalves, Virgínia Fonseca e Giovanna Chaves, por exemplo, aderiram à cirurgia. No entanto, o debate gerado é sobre a possível romantização das cirurgias plásticas.


Ludmilla expõe resultado de sua Lipo Lad nas redes sociais
Imagem: 
s2.glbimg.com



Fernanda Concon, que interpretou Alícia na novela Carrossel, foi uma das pessoas que usaram as redes sociais para se posicionarem sobre o assunto. A atriz criticou a romantização e a naturalização da lipo LAD, entre outras cirurgias plásticas, em seu Instagram.

“Realizar a cirurgia plástica não é o mal em si da coisa, se é algo que te incomoda emocionalmente, você já pensou muito sobre, já fez ressalvas e balanços da cirurgia e não vai colocar em risco sua saúde e/ou sua condição financeira, ok, faça”, começou. “Mas qual é o fenômeno que se expandiu com a internet? A naturalização e a romantização das cirurgias plásticas e a criação da necessidade em pessoas que jamais teriam tido elas se não tivessem visto na internet”, opinou.

Fernanda também criticou que as influenciadoras não costumam falar dos riscos da cirurgia para seus seguidores e nem falam o real motivo pelo qual fizeram o procedimento.

“São pessoas de muita influência apresentando para o seu público as cirurgias plásticas como soluções simples e eficazes para problemas que vão, muitas vezes, além do estético. Sem ao menos criar uma conscientização, ou seja, explicar os reais motivos de estar fazendo a cirurgia, alertar sobre a reflexão que precisa ser feita antes de tomar a decisão, falar dos riscos da cirurgia”, declarou ela.

Fernanda Concon em seu Instagram
Imagem: 
i0.statig.com.br

Fernanda compilou todos os stories em um IGTV sobre seu posicionamento. 

A Lipoaspiração HD também é conhecida como LAD, que significa Lipoaspiração de Alta Definição. O objetivo da cirurgia é igual ao procedimento cirúrgico tradicional: aspirar a gordura abaixo da pele.

O diferencial do novo procedimento é a tecnologia usada para valorização das regiões de transição das musculaturas do abdômen, tórax, braços, coxas ou costas. O cirurgião consegue remover os depósitos de gordura localizada e utilizar as células de gordura autógena para destacar os músculos. Isso faz com que a região escolhida fique com um aspecto mais tonificado.

Nas redes sociais, há um grande debate e críticas ao procedimento. Internautas consideram que é mais uma forma de exercer pressão estética sobre as mulheres e que influenciadoras e famosas, ao publicarem que fizeram o procedimento sem alertar sobre os riscos e conscientizar sobre as consequências dos padrões de beleza impostos pela sociedade, incentivam que mais garotas e mulheres se submetam à lipoaspiração.

Entenda como funciona a Lipo Lad
Imagem: 
thiagogenn.com.br

Vale lembrar que é seu direito fazer o procedimento estético que desejar, desde que realmente esteja sentindo à vontade para isso. No entanto, também é preciso levantar o debate sobre a pressão estética existente em torno dos corpos femininos, que impõe padrões de beleza muitas vezes inalcançáveis.



Os padrões de beleza impostos pela mídia

A padronização da beleza é um tema cada vez mais discutido visto que estamos em uma época tomada pela ascensão das redes sociais


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: medium.com

Em: 21.09.2017


poder que a mídia e seus veículos possuem é inegável no nosso cotidiano. Mesmo não sendo notado por muitos, é totalmente capaz de revolucionar uma sociedade quando, imensuravelmente, consegue fazer com que toda uma população mude sua forma de pensar, de se vestir e de se comportar.

Os veículos de mídia, como as revistas, por exemplo, estampam em suas capas e matérias pessoas com corpos raquíticos ou definidos, sem defeitos nenhum. E nós sabemos que a vida real não funciona desse jeito. O que vemos são pessoas comuns, nem sempre magras, exuberantemente bonitas, com imperfeições. Não há photoshop na realidade como há nessa visão midiática de que o belo precisa ser perfeito.

A busca pelo corpo perfeito sempre será um motivo de cobrança
Imagem: 
observatorio3setor.org.br

O que podemos notar é que a mídia sugere que o belo só se encontra na juventude, na magreza, na pele e nos cabelos sedosos, nos manequins 34, nos ossos aparecendo como marca do que é extremamente importante para ser feliz. Tudo o que podemos ver nas revistas, nas fotografias, no Instagram, seja onde for, não condiz com o que vemos quando andamos nas ruas, quando nos deparamos com pessoas que não usam a própria vida como porta de entrada para o que a mídia diz ser certo ou não. O que vemos nos meios de comunicação nunca vão condizer com o que é o real. Mas, com essa influência exercida sobre a cabeça das pessoas, os veículos de comunicação criam um desejo nas pessoas, de que elas deixem de se amar como são para crerem que só serão bonitas se forem como as pessoas das capas de revista.

As mulheres, com esse desejo assíduo de mudarem o que são, acabam criando problemas muito maiores do que só o desejo de mudança. Grande parte desenvolve a depressão, são vítimas de transtornos alimentares e transtornos psicológicos. As tarefas do dia-a-dia acabam se tornando cada vez mais difíceis, pois são feitas com menos tempo. Fixa-se na cabeça de que enquanto o reflexo do espelho não condizer com que é visto na mídia, a vida não é boa o suficiente para ser vivida. Depois de anos atrás de liberdade, as mulheres se aprisionam dentro de si mesmas, o que é muito mais triste do que qualquer outra prisão.

As pessoas nunca estarão satisfeitas com sua aparência
Imagem: 
blog.nadarte.com


Vemos todos os dias surgirem novos produtos de emagrecimento: pílulas, sucos, comidas diet, light e zero, shakes, aparelhos de academia para se exercitar em casa, academias com propostas inovadoras, aplicativos com vídeos de exercícios pra se fazer onde estiver, revistas cheias de dietas que prometem emagrecer em poucos dias, cosméticos, cirurgias plásticas, redução de estômago, entre tantas outras coisas que nos deparamos todos os dias.

“O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na tv, nas revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais penetrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas. Tenho bem nítida na mente a imagem de jovens modelos que, apesar de supervalorizadas, odiavam seu corpo e pensavam em desistir da vida. Recordo-me de pessoas brilhantes e de grande qualidade humana que não queriam frequentar lugares públicos, pois se sentiam excluídas e rejeitadas por causa da anatomia do seu corpo” (CURY, 2005, p. 6).

Essa busca descontrolada pela beleza já causou muitas mortes. A vontade de ser aceito pelo o que a mídia determina se tornou algo quase inatingível devido a sua imensa influência com a cabeça da população. É preciso estar atento e valorizar o que nós somos de verdade, como seres humanos. Gostarmos de nós mesmos, ter autoconhecimento e nunca esquecer que o corpo humano é frágil e necessita de cuidados. É importante se amar o bastante para saber encontrar o equilíbrio das coisas. A vida precisa de caminhos sem grandes inquietações, sem muitos exageros. É preciso buscar dentro de si o que é o mais importante: amor próprio, é preciso compreender que temos que estar bem conosco, e entender que os padrões de beleza impostos pela mídia são enganosos.





Teatro se reinventa na internet, mas ainda busca forma de faturar para salvar profissionais parados

Quase 350 temporadas de peças foram interrompidas pela pandemia do corona-vírus só no Rio e em SP Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt Fo...