quarta-feira, 7 de abril de 2021

Pressão estética: quarentena tem drive-thru de botox e boom de rinoplastia

Com as clínicas de estéticas fechadas por causa da pandemia, drive-thru é criado em Miami, assim como também, famosos aproveitaram o isolamento para fazer plásticas


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: ninalemos.blogosfera.uol.com.br

Em: 01.07.2020


Uma nova modalidade de drive thru foi inaugurada em Miami. Desde o fim de maio, clientes fazem fila não em busca de hambúrguer ou de um teste de COVID-19. Quem para no estacionamento está em busca de uma injeção de botox, aplicada dentro do carro, mediante o pagamento de 300 dólares (cerca de mil e quinhentos reais).  

Com as clínicas estéticas fechadas por causa da pandemia, a modalidade foi criada pelo cirurgião plástico Michael Salzhauer, conhecido como "Doctor Miami". O serviço tem feito sucesso. Em vídeos no Instagram, é possível ver mulheres dentro do carro, com a cabeça para fora, enquanto um médico, paramentado com todos os equipamentos de segurança, aplica uma injeção na testa da moça mascarada.

Estamos vivendo uma epidemia mundial e os Estados Unidos, terra do Dr. Miami, é o país com mais casos no mundo. Isso significa que os americanos são malucos? Não. Na verdade, as intervenções estéticas no meio da pandemia acontecem no mundo todo. E, para choque geral, em alguns países elas não diminuíram em tempo de pandemia (onde ir ao hospital é algo perigoso, todos sabem), mas, pelo contrário, aumentaram.

Na Austrália, médicos estão se deparando com um fenômeno que apelidaram de "inveja do Zoom". Segundo especialistas, essa é a razão para que número de procura por cirurgias para diminuir ou afinar o nariz (rinoplastia)tenha aumentado 300% no país durante a pandemia. A procura por cirurgia para tirar linhas e bolsas nos olhos aumentou 200%.

Cirurgias plásticas estão cada vez mais comuns em nossa sociedade
Imagem: observatorio3setor.org.br 


Segundo os médicos, mulheres executivas estão fazendo as cirurgias para "aparecer bem nas reuniões do Zoom". Por isso, tem procurado mais cirurgias do rosto, que é o que aparece nesse tipo de conferência. A procura teria a ver também com o fato de as mulheres estarem com horários mais flexíveis.

E se o Brasil fica atrás? Oras, o país campeão mundial em números de cirurgias plásticas no mundo (em competição acirrada com os Estados Unidos) não poderia ficar fora dessa. E não fica. Vários famosos aproveitaram o "tempo do isolamento" para fazer plásticas e procedimentos. Provavelmente não é coincidência que muitos deles procurem justamente a plástica no nariz.

Essa semana, a humorista Tata Werneck fez piada com a "moda". Ela postou no Instagram uma foto sua com um filtro no nariz e escreveu: "Galera, aproveitei a quarentena pra fazer uma plástica no nariz". Eu não enxergava bem e atrapalhava ao comer. Curtiram o resultado? Marque quem tem nariz”.

Ela brincava com o fato de muitos falarem "ah, eu tenho desvio no septo" e usar isso de "desculpa” para fazer a plástica.

Entre os adeptos da rinoplastia na quarentena estão a ex BBB Flayslane, e os cantores MC Mirella e Kevinho. MC Rebecca também mexeu no nariz, mas para diminuir o tamanho das asas nasais. O procedimento é chamado de alectomia.

Sim, essas pessoas foram até clínicas ou hospitais no meio de uma pandemia mundial fazer procedimentos que são cirurgias e envolvem riscos. E, como todo mundo sabe, se nem sair de casa para ir ao supermercado é seguro, imagina fazer uma cirurgia? Quem precisa fazer por motivos de saúde no momento faz com muita preocupação.

Ex-BBB, Flayslane, faz rinoplastia durante a pandemia
Imagem: meiahora.com.br

Tudo isso parece incrível para nós que mal damos conta da nossa saúde mental no momento. Como teríamos tempo para pensar em uma coisa dessas com tanta incerteza e insegurança na cabeça?

Mas, por um lado, não surpreende, já que a obsessão estética está arraigada na sociedade há anos. Quando a pandemia começou, muitos falaram que esse seria um momento para olhar para dentro, que nossos valores mudariam. Seríamos seres mais evoluídos, mas não.

Alguns de nós, humanos, estamos fazendo botox dentro do carro em estacionamentos mascarados ou correndo riscos em cirurgias para aparecer melhor em uma conferência de trabalho por computador. Nós não melhoramos nada.

Lipo LAD e o polêmico debate sobre a romantização das cirurgias plásticas

A Lipoaspiração em Alta Definição, ou Lipo HD, faz sucesso entre as celebridades e vem aquecendo o debate sobre pressão estética



Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: claudia.abril.com.br
 
Em: 30.10.2020


A lipoaspiração HD, ou lipo LAD, virou um tema recorrente nas redes sociais nas últimas semanas. Isso porque o procedimento estético virou “moda” entre as influenciadoras digitais  Ludmilla, Brunna Gonçalves, Virgínia Fonseca e Giovanna Chaves, por exemplo, aderiram à cirurgia. No entanto, o debate gerado é sobre a possível romantização das cirurgias plásticas.


Ludmilla expõe resultado de sua Lipo Lad nas redes sociais
Imagem: 
s2.glbimg.com



Fernanda Concon, que interpretou Alícia na novela Carrossel, foi uma das pessoas que usaram as redes sociais para se posicionarem sobre o assunto. A atriz criticou a romantização e a naturalização da lipo LAD, entre outras cirurgias plásticas, em seu Instagram.

“Realizar a cirurgia plástica não é o mal em si da coisa, se é algo que te incomoda emocionalmente, você já pensou muito sobre, já fez ressalvas e balanços da cirurgia e não vai colocar em risco sua saúde e/ou sua condição financeira, ok, faça”, começou. “Mas qual é o fenômeno que se expandiu com a internet? A naturalização e a romantização das cirurgias plásticas e a criação da necessidade em pessoas que jamais teriam tido elas se não tivessem visto na internet”, opinou.

Fernanda também criticou que as influenciadoras não costumam falar dos riscos da cirurgia para seus seguidores e nem falam o real motivo pelo qual fizeram o procedimento.

“São pessoas de muita influência apresentando para o seu público as cirurgias plásticas como soluções simples e eficazes para problemas que vão, muitas vezes, além do estético. Sem ao menos criar uma conscientização, ou seja, explicar os reais motivos de estar fazendo a cirurgia, alertar sobre a reflexão que precisa ser feita antes de tomar a decisão, falar dos riscos da cirurgia”, declarou ela.

Fernanda Concon em seu Instagram
Imagem: 
i0.statig.com.br

Fernanda compilou todos os stories em um IGTV sobre seu posicionamento. 

A Lipoaspiração HD também é conhecida como LAD, que significa Lipoaspiração de Alta Definição. O objetivo da cirurgia é igual ao procedimento cirúrgico tradicional: aspirar a gordura abaixo da pele.

O diferencial do novo procedimento é a tecnologia usada para valorização das regiões de transição das musculaturas do abdômen, tórax, braços, coxas ou costas. O cirurgião consegue remover os depósitos de gordura localizada e utilizar as células de gordura autógena para destacar os músculos. Isso faz com que a região escolhida fique com um aspecto mais tonificado.

Nas redes sociais, há um grande debate e críticas ao procedimento. Internautas consideram que é mais uma forma de exercer pressão estética sobre as mulheres e que influenciadoras e famosas, ao publicarem que fizeram o procedimento sem alertar sobre os riscos e conscientizar sobre as consequências dos padrões de beleza impostos pela sociedade, incentivam que mais garotas e mulheres se submetam à lipoaspiração.

Entenda como funciona a Lipo Lad
Imagem: 
thiagogenn.com.br

Vale lembrar que é seu direito fazer o procedimento estético que desejar, desde que realmente esteja sentindo à vontade para isso. No entanto, também é preciso levantar o debate sobre a pressão estética existente em torno dos corpos femininos, que impõe padrões de beleza muitas vezes inalcançáveis.



Os padrões de beleza impostos pela mídia

A padronização da beleza é um tema cada vez mais discutido visto que estamos em uma época tomada pela ascensão das redes sociais


Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt

Fonte: medium.com

Em: 21.09.2017


poder que a mídia e seus veículos possuem é inegável no nosso cotidiano. Mesmo não sendo notado por muitos, é totalmente capaz de revolucionar uma sociedade quando, imensuravelmente, consegue fazer com que toda uma população mude sua forma de pensar, de se vestir e de se comportar.

Os veículos de mídia, como as revistas, por exemplo, estampam em suas capas e matérias pessoas com corpos raquíticos ou definidos, sem defeitos nenhum. E nós sabemos que a vida real não funciona desse jeito. O que vemos são pessoas comuns, nem sempre magras, exuberantemente bonitas, com imperfeições. Não há photoshop na realidade como há nessa visão midiática de que o belo precisa ser perfeito.

A busca pelo corpo perfeito sempre será um motivo de cobrança
Imagem: 
observatorio3setor.org.br

O que podemos notar é que a mídia sugere que o belo só se encontra na juventude, na magreza, na pele e nos cabelos sedosos, nos manequins 34, nos ossos aparecendo como marca do que é extremamente importante para ser feliz. Tudo o que podemos ver nas revistas, nas fotografias, no Instagram, seja onde for, não condiz com o que vemos quando andamos nas ruas, quando nos deparamos com pessoas que não usam a própria vida como porta de entrada para o que a mídia diz ser certo ou não. O que vemos nos meios de comunicação nunca vão condizer com o que é o real. Mas, com essa influência exercida sobre a cabeça das pessoas, os veículos de comunicação criam um desejo nas pessoas, de que elas deixem de se amar como são para crerem que só serão bonitas se forem como as pessoas das capas de revista.

As mulheres, com esse desejo assíduo de mudarem o que são, acabam criando problemas muito maiores do que só o desejo de mudança. Grande parte desenvolve a depressão, são vítimas de transtornos alimentares e transtornos psicológicos. As tarefas do dia-a-dia acabam se tornando cada vez mais difíceis, pois são feitas com menos tempo. Fixa-se na cabeça de que enquanto o reflexo do espelho não condizer com que é visto na mídia, a vida não é boa o suficiente para ser vivida. Depois de anos atrás de liberdade, as mulheres se aprisionam dentro de si mesmas, o que é muito mais triste do que qualquer outra prisão.

As pessoas nunca estarão satisfeitas com sua aparência
Imagem: 
blog.nadarte.com


Vemos todos os dias surgirem novos produtos de emagrecimento: pílulas, sucos, comidas diet, light e zero, shakes, aparelhos de academia para se exercitar em casa, academias com propostas inovadoras, aplicativos com vídeos de exercícios pra se fazer onde estiver, revistas cheias de dietas que prometem emagrecer em poucos dias, cosméticos, cirurgias plásticas, redução de estômago, entre tantas outras coisas que nos deparamos todos os dias.

“O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na tv, nas revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais penetrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas. Tenho bem nítida na mente a imagem de jovens modelos que, apesar de supervalorizadas, odiavam seu corpo e pensavam em desistir da vida. Recordo-me de pessoas brilhantes e de grande qualidade humana que não queriam frequentar lugares públicos, pois se sentiam excluídas e rejeitadas por causa da anatomia do seu corpo” (CURY, 2005, p. 6).

Essa busca descontrolada pela beleza já causou muitas mortes. A vontade de ser aceito pelo o que a mídia determina se tornou algo quase inatingível devido a sua imensa influência com a cabeça da população. É preciso estar atento e valorizar o que nós somos de verdade, como seres humanos. Gostarmos de nós mesmos, ter autoconhecimento e nunca esquecer que o corpo humano é frágil e necessita de cuidados. É importante se amar o bastante para saber encontrar o equilíbrio das coisas. A vida precisa de caminhos sem grandes inquietações, sem muitos exageros. É preciso buscar dentro de si o que é o mais importante: amor próprio, é preciso compreender que temos que estar bem conosco, e entender que os padrões de beleza impostos pela mídia são enganosos.





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Quase 350 temporadas de peças foram interrompidas pela pandemia do corona-vírus só no Rio e em SP Maria Roberta Dias Mendonça Bittencourt Fo...